Projeto transforma vida de internos em Catanduva
segunda-feira, 22 de outubro de 2012Fundada há 12 anos na cidade de Catanduva, a entidade Casa Mãe criou há três meses, com o apoio da Secretaria de Estado e Cultura e incentivo e idealização de Ercy Piva Ramires, um ponto de cultura com o projeto “Recantos Musicais”.
O projeto, de acordo com a ONG, tem por objetivo o desenvolvimento artístico, cultural e social de integrantes de casas terapêuticas e da comunidade em geral que frequenta a Casa Mãe, trazendo estímulo de vida, através da música.
Em três meses, o projeto chegou a atender 93 internos, sendo 18 participantes da Casa Samaritana, 22 da Casa Recomeçar, 25 da Casa Emaúz, 20 do Lar São Paulo Apóstolo e oito (que não são dependente químico) na Casa Mãe.
“Os alunos (institucionalizados) superam nossas expectativas ao demonstrarem suas habilidades musicais com os instrumentos ensinados, como violão, cavaquinho, teclado, contrabaixo, flauta, percussão e também no canto com a formação de grupos musicais de ótima qualidade”, definem os idealizadores do projeto.
Durante o projeto, são realizadas apresentações musicais nas missas e cultos e também nas visitas, as quais são realizadas às Casas Terapêuticas por familiares, amigos e comunidade. Eles participam de ensaios aos sábados e apresentações todo 2º domingo de cada mês, na Casa Lar São Paulo e Casa Recomeçar.
De acordo com os responsáveis pelo projeto, o resultado do trabalho musical consiste no efetivo auxílio no tratamento. “A participação do projeto é como se fosse uma “terapia musical”, faz elevar a autoestima, o equilíbrio emocional, se percebe uma considerável melhora comportamental e motivação para conclusão do tratamento, como também perspectiva de continuidade e sucesso no mundo da música”.
No tocante ao aspecto social, o resultado se apresenta absolutamente satisfatório, onde o índice de permanência dos institucionalizados para o término do tratamento aumentou consideravelmente mediante relato dos responsáveis pelas Instituições assistidas.
Com exceção da Casa Mãe, que não atende dependente químico e sim o público de crianças e da terceira idade, as casas terapêuticas atendem dependentes químicos de 16 a 70 anos; 90% dos participantes vivem em situação de vulnerabilidade social.
A Casa Mãe é aberta para a comunidade e não para dependente químico como as demais Casas.
A ONG detalha que o projeto conquistou seu espaço e vem apresentando resultados satisfatórios, tanto que decidiram pela continuidade das atividades mesmo após o término do contrato firmado entre a entidade e a Secretaria de Estado de e Cultura. A organização do projeto é centralizada nos membros da Diretoria da ONG, o contador Paulo Henrique Pirolla, a assistente social Eulália Verônica Vieira da Silva, o arte educador João Batista de Oliveira Padilha, a presidente Márcia Maria Meca Ticianelli, como também os presidentes e coordenadores das Casas Terapêuticas.
“Contamos sempre com o apoio da comunidade, parcerias com os presidentes das Casas na oferta de locomoção para apresentações em cidades vizinhas, absorção de alunos formados para ministrar aulas de música nas Casas Terapêuticas e movimentação do comércio local e regional na compra de equipamentos. As Casas Terapêuticas se envolveram com o projeto em uma dimensão em que hoje acreditamos na sustentabilidade do projeto com tranqüilidade, pois diversas despesas hoje já não se encontram apenas sob responsabilidade da SEC (Secretaria de Estado de e Cultura) e da ONG”.
Com a realização das aulas ministradas através do arte-educador João Batista, o projeto, junto com os institucionalizados, realizará a gravação de um CD com 11 músicas inéditas compostas pelos internos. No CD, os mesmos relatam a sua trajetória pelo mundo das drogas e a transformação possibilitada após se distanciarem das mesmas; e conta a formação de uma equipe musical de louvores para apresentação em Grupos de Apoio e Pastoral da Sobriedade onde o repertório se compõe de aproximadamente 50 músicas.
Dificuldades
De acordo com responsáveis, com o atraso de repasse financeiro, não foi possível a aquisição de novos instrumentos e equipamentos necessários como também não foi possível no 1º semestre de 2012 realizar a arte do CD com cópias previstas, as quais serão comercializadas e a renda revertida para as Casas Terapêuticas.
Outra dificuldade que o projeto encontra é para divulgar o CD em outros locais. Pelo fato de se tratar de alunos institucionalizados, a maioria dos encontros e eventos fica muitas vezes limitada nas dependências das Casas e das igrejas, com restrições aos locais abertos. Por outro lado, mesmo com as dificuldades, o projeto vem mostrando ser uma geração de novas oportunidades.
“Com a recente formação da equipe musical de louvores, será dada aos alunos a oportunidade de um desenvolvimento nos seus conhecimentos musicais, além de poderem demonstrar seus talentos quando da comercialização do CD já concluído, além de egressos das Casas Terapêuticas que no momento ministram aulas de música em cidades da região, com contrato remunerado de prestação de serviços”.
Os voluntários apontam que o “Recantos Musicais” veio somar todas as demais ações já desenvolvidas pela ONG Casa Mãe, dando maior visibilidade e reconhecimento entidade.
Fonte: O Regional