Em Catanduva, números de vítimas de acidentes aumenta
terça-feira, 16 de outubro de 2012Nos últimos anos o número de motociclistas em Catanduva aumentou quase que na mesma proporção dos números de acidentes envolvendo motos.
Atualmente Catanduva possui a frota de 20 mil motociclistas e se contar com as cidades da região esse número pode chegar a 27 mil.
Segundo as concessionárias e revendedoras de motos da cidade, todos os meses são comercializadas mais de 200 veículos de duas rodas, ou seja, nunca se teve tantas motocicletas no município.
Os custos são bem menores e a agilidade é maior, mas quando se trata em números de vítimas de acidentes a situação é bastante preocupante, porque se tornou assunto de “Problema de Saúde Pública”.
Segundo a coordenação do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) de Catanduva, comparando os meses de janeiro a setembro de 2012 com o mesmo período do ano passado, foram registrados aumento de 20,5% nos números de vítimas de acidentes envolvendo motos e carros, queda de 5,3% nas vítimas de acidentes de moto, aumento de 35,2% entre motos e bicicletas e 18,5% de aumento envolvendo acidentes entre motocicletas.
Para se ter uma ideia, comparando o número de vítimas envolvidas em acidentes com carros e motos, de janeiro a setembro de 2012, foram contabilizadas 410 vítimas de acidentes entre carros e motos e 70 vítimas entre carros e carros.
Os números de vítimas em acidente de trânsito apresentadas pelo SAMU podem ter sofrido pequenas escoriações ou grandes fraturas.
Na cidade de São José do Rio Preto, houve uma queda de 8,5% no número de acidentes de trânsito envolvendo motocicletas.
Em 2011, foram 2.896 acidentes contra 2.648 este ano no município.
Vítimas
O pintor Sérgio Lopes, de 26 anos, disse que seu sonho foi interrompido após sofrer um acidente com motocicleta no ano de 1998; na ocasião o pintor tinha apenas 12 anos.
“Naquele dia, meu tio pediu para que eu fosse com ele buscar algumas frutas em um sítio perto de Catanduva. Como ele possuía apenas moto, fui na garupa para poder trazer na volta, a cesta com as frutas, mas por causa de um motorista inconseqüente, no retorno ao cruzar a vicinal que liga Catanduva a Novais, meu tio foi fechado e ambos caímos na via”, explicou.
Sérgio sofreu fratura exposta na perna direita e passou por três cirurgias, sendo necessário a colocação de “pinos”.
“Eu era criança e queria ser jogador de futebol, mas daquele dia pra frente, nunca mais chutei uma bola”, afirmou.
A dona-de-casa Maria Piedade de Souza e Silva, de 58 anos, perdeu o filho caçula há seis anos em acidente envolvendo motocicleta e caminhão.
“Meu filho estava voltando de Rio Preto, ele trabalhava em uma operadora naquela cidade, chovia muito. Na rodovia, não se sabe até hoje os motivos, ele caiu na vala central da pista da Rodovia Washington Luís e morreu. Nenhum outro veículo foi registrado no acidente. Se ele estivesse de carro, poderia estar vivo”, comentou.
Organização Mundial da Saúde (OMS)
O tema, acidentes de trânsito envolvendo motocicletas esta preocupando também a Organização Mundial da Saúde (OMS), que está convencida de que os motociclistas são os principais responsáveis pelos acidentes.
No mês passado, a OMS divulgou que considera que 70% das causas de acidentes são devido a fatores humanos e com o aumento da frota de motocicletas no país, aumentou também o número dos acidentes.
Como o tema é considerado bastante preocupante, no dia 24 de agosto, o Conselho Estadual para Diminuição de Acidentes de Trânsito e Transportes (CEDATT) promoveu o Fórum Paulista de Prevenção de Acidentes de Trânsito e Transportes.
Na ocasião foi apresentado, entre vários especialistas no assunto, que as principais causas de acidentes envolvendo motocicletas são o excesso de velocidade com 26%, a infraestrutura das vias com 20% e o estado das motocicletas com 16%.
Segundo o presidente da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), Ailton Brasiliense, as maiores vítimas de acidentes de trânsito no Brasil ainda são os pedestres, mas os motociclistas já ocupam a segunda posição.
Já o presidente da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (ABRAMET), Mauro Ribeiro, alertou que em alguns municípios do país os óbitos através de motocicletas chegam a 50%.
Outro problema apresentado por especialistas no Fórum foi o uso do corredor, ou seja, espaço estreito entre uma faixa e outra da via.
Normalmente os motociclistas utilizam do corredor para ultrapassar os carros e em muitos casos ficam invisíveis, pelo menos, em um dos três espelhos retrovisores que o motorista de automóvel tem à disposição.
Ainda durante o encontro, foi debatida a má formação dos motociclistas, segundo a Comissão de Segurança Viária da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (ABRACICLO).
Uma pesquisa recente feita pelo órgão revelou que 70% dos motociclistas envolvidos em acidentes no país não tinham carteira de habilitação e 90% das pessoas que procuram uma autoescola para obter a carteira de motociclista, já são motoqueiros.
No final do evento ficou claro para os participantes que apesar da gravidade do problema não há dados anuais sobre acidentes de trânsito no país e os poucos números disponíveis não refletem a realidade, pois ignoram características particulares de cada região, de cada estado ou município.
Fonte: O Regional