Castelinho de Catanduva tem investimento de R$ 500 mil
segunda-feira, 18 de junho de 2012O Castelinho ficou muito conhecido entre os moradores da cidade e região, por ter uma arquitetura marcante e sua apresentação ‘diferente’ em relação às outras casas chama a atenção das pessoas.
A casa começou a ser construída em 1917 e levou cerca de cinco anos para ser finalizada. Os primeiros moradores do local foram a família espanhola Barrinuevo, que o fez réplica de uma residência espanhola.
A obra chama atenção por ter uma torre em sua parte frontal, o que lembra um castelo, além de uma escada do lado de fora da casa, dando acesso à entrada.
Já no ano de 1941 o prédio foi vendido para a Família Nasser, que viveu ali por muitos anos.
O Castelinho foi tombado pela Prefeitura de Catanduva no ano 2001 como Patrimônio do Município e está desativado há muito tempo.
Também serviu de abrigo a moradores de rua, quando a Prefeitura precisou fechar as entradas para que o local não fosse destruído, pois suas paredes já estavam todas pichadas.
RESTAURAÇÃO
Entre os anos de 2005 e 2007 a Usina Catanduva investiu R$ 143 mil para a recuperação da parte da fundação do prédio.
As obras tiveram colocação de 45 estacas de 4 a 5 metros, recuperação de trincas nas paredes, execução de viga no respaldo da alvenaria, remodelação da cobertura, retirada do piso de assoalho, escoramento da laje e limpeza.
Além disso, nesta primeira obra de recuperação foram feitas a demolição e retirada do reboco, batentes de portas e janelas, tubulação elétrica e hidráulica.
Essa obra foi responsável por recuperar 30% do prédio, as quais foram executadas pela Braenco Engenharia e Construção Limitada.
Passados cinco anos da primeira reforma, o prédio voltou a ser aberto no último mês. A obra, agora é financiada pela Prefeitura de Catanduva e está sendo executada pela CRV Construtora e está orçada em R$ 329,989 mil.
Segundo informações apresentadas na placa de informação em frente à obra, o local deverá ficar pronto até o dia 15 de novembro, ou seja, são seis meses de reforma.
De acordo com os proprietários da construtora, a empresa será responsável pelo acabamento das obras e deixará o prédio pronto para novas instalações.
O primeiro passo realizado foi a limpeza do local e o Castelinho será totalmente restaurado, lembrando os tempos em que era bem visto pela população.
A restauração acontecerá desde as janelas até os pisos, também com instalação de um elevador voltado aos portadores de deficiência.
O local está movimentado nos últimos dias, com cerca de 20 profissionais da construção civil, os quais estão se dedicando para deixar o Castelinho totalmente restaurado.
No total, entre investimento da usina e Prefeitura, será investido cerca de meio milhão de reais.
FUTURO
Informações divulgadas anteriormente pela Prefeitura de Catanduva, dão conta de que o local será utilizado para receber projetos culturais, como o parte do museu municipal de Catanduva, exposições, entre muitos outros. Também foi levantada a hipótese da instalação da pinacoteca municipal.
A reportagem de O Regional entrou em contato com a Assessoria de Comunicação da Prefeitura, há quatro dias, sobre um posicionamento em relação ao local.
Os questionamentos foram em relação ao valor do investimento, o que será instalado no Castelinho, entre muitas outras. A Prefeitura não retornou até o fechamento desta edição.
MEMÓRIAS
João César Najm é neto de João Nasser, último proprietário do imóvel e conta que viveu no Castelinho desde quando nasceu, passando a infância e adolescência no local.
“Meu avô faleceu no ano de 1974 e minha avó continuou morando no Castelinho e eu fiquei com ela”.
Ele conta que no ano de 1991 precisou retirar a avó do local, por causa da escadaria da casa e a levou para outra residência. “O Castelinho foi habitado até aquele ano pela família e o tempo que vivi na casa foi muito bom”.
A casa contava com 11 cômodos na parte de cima e mais 11 embaixo. “O Castelinho é muito grande e foram anos inesquecíveis para mim. Meu avô costumava dar muitas festas na casa, pois era fundador do Lions Clube de Catanduva e as comemorações eram freqüentes no castelinho”.
João explica que tem 50% da propriedade e a outra metade pertence aos sete filhos do avô, sendo uma delas sua mãe. “Desse modo, eu tenho 50% mais a parte da minha mãe que ficou para mim. Houve muitos problemas com impostos, só que eu fiz o REFIS disso e quando a gestão do prefeito Félix Sahão, ele tombou como patrimônio histórico. Na época, me chamaram para várias reuniões e concordamos com o tombamento e daí para frente eu não paguei os impostos, pois o local era de responsabilidade da Prefeitura. Tenho todos os documentos do REFIS e parei de pagar os impostos quando foi feito o tombamento”.
E ainda explica que na gestão do atual prefeito, foi feita a desapropriação. “Ninguém entrou em contato comigo para falar sobre a desapropriação e fiquei sabendo do ocorrido através de uma notícia divulgada na mídia”.
Em relação ao futuro do Castelinho, Najm concorda que a melhor forma de utilizar o prédio é instalar um ponto cultural. “Acho que é uma iniciativa muito boa, muito proveitosa para a cidade toda”.
“Na minha posição, me senti completamente cassado em uma propriedade minha, pois não recebi um tostão. O Castelinho foi considerado uma das maravilhas de Catanduva e em primeiro lugar como patrimônio particular”.
“Tenho um amor tremendo pelo local, pois nasci, cresci e vivi ali. É um valor sentimental, além do valor em espécie”.
CURIOSIDADES
Ele também recorda que toda a sociedade catanduvense participava de festas na casa. “Onde existe a parte redonda, conhecida como torrinha, ficava localizada uma sala de jogos que era freqüentada por pessoas que passavam muito tempo ali. Era uma casa bastante movimentada, meu avô era muito relacionado”.
Afirma que ao longo dos anos surgiram algumas rachaduras na torre, mas sempre consultava um engenheiro, o qual afirmava que não havia nenhum perigo. “Ele sempre me orientava a não deixar a casa fechada, deixar as janelas abertas para o vento entrar de um lado e sair por outro, para não levantar a parte do telhado. A base da torrinha tem mais de um metro de largura de tijolos”.
Fonte: O Regional